Sérgio
Um filme biográfico sobre o diplomata Sérgio Vieira de Mello que surgiu a partir de um documentário do mesmo feito pela HBO.
Geralmente quando uma cinebiografia é produzida o roteiro que se é seguido está em ordem cronológica até chegarmos no clímax, o ponto alto do filme. "Sergio" segue uma linha não convencional e talvez não bem desenvolvida, começamos com o atentado a ONU em Bagdad que dá o ponta pé inicial para mostrar relatos da vida de Sérgio Mello (Wagner Moura), como era em relação a família e trabalho. o filme é construído em Flash-backs, memórias que Sérgio tem quando vê que sua vida está no último momento.
Confesso que não entendi a escolha do diretor (Greg Barker) em dar início da trama a partir de uma ideia não convencional, digo isso pois quando se fala de uma cinebiografia deve-se dar prioridade primeiro a construção do personagem e apresentar para o público, seguindo com a luta e interesses diplomáticos, mandando assim a mensagem de que Sérgio não teve uma morte em vão. Um documentário e uma cinebiografia não conversam com o mesmo público, logo, então distantes do modo narrativo.
Aos 50 primeiros minutos do filme podemos sentir o clímax, entretanto daí por diante o filme se torna lento pela monotonia, onde a relação de Sérgio e Carolina (Ana de Armas) se entrega como Exageradamente despreparada, mostrando um flash-back da vida dos dois dentro de outro flash-back, ou seja, se o roteiro parecia que já não estava se entendendo muito bem com a ideia propriamente dita, na prática a experiência se torna pior, ao seguir vários textos dramáticos mas somente no final o foco se torna um por impulso do roteiro.
Gostei muito da escolha do Wagner Moura como Sérgio, não somente por ser brasileiro, mas pela sua ótima caracterização. Se vermos entrevista que Sérgio Mello deu aos jornais, é fácil de perceber que Wagner Moura estudou a personagem que fora dado, pegando cada traço e emoção da vida de Sérgio - e admito que a maquiagem também ajudou muito com essa ilustre performance, assim se tornando destaque.
Apesar do filme não entrar em maiores polêmica, podemos ter a ideia do papel que o diplomata brasileiro fez em Bagdad, e parte do seu relacionamento com Carolina e a família. "Sérgio" é o filme da Netflix que mostra uma história de vitórias e crescimento, mas não chega ao aprofundamento por questões de escolha no roteiro, se confundindo muito com seu gênero que não era de documentário.